segunda-feira, 28 de março de 2011

Empresas sociais e negócios inclusivos

Por Cláudio Boechat

O século XXI tem apresentado muitas mudanças e a maior delas talvez seja a superação do paradigma da produção de riqueza econômica como grande mobilizador das sociedades. Reflexo direto, empresas que se preocupam apenas com a sua lucratividade representam um modelo que está se esgotando ou, pelo menos, sendo mais questionado a cada dia: a produção de mais riqueza gerando simultaneamente mais desigualdade.
Empreendedores estão fazendo surgir as organizações empresariais que seguirão modelos mais adequados. Um deles é o dos negócios inclusivo, um modelo que se preocupa com o lucro e os bons resultados, mas que gera produtos e serviços de tal forma que se realize a inclusão social no seu processo e no cerne de seus negócios.
Os exemplos são muitos e podem ser encontrados em vários lugares do mundo, como a distribuição de automóveis mais baratos nos mercados da Europa, dos Estados Unidos e da América Latina, a fabricação de casas populares de baixo custo a partir de processos industriais integrados, ou ainda empresas de produção de celulose que estão incluindo mão de obra de assentados rurais ou mesmo pequenos proprietários no seu processo de plantação.
Outro modelo é o das empresas sociais, modelo concebido e utilizado pelo Grameen Bank, de Bangladesh. São empresas desenhadas para atender às necessidades básicas das pessoas, porém não têm como objetivo único a maximização do lucro. Elas devem gerar lucro, no entanto ele é, a priori, delimitado. Pode-se estabelecer um retorno de capital de x% ao ano, e o que passar dessa projeção é reinvestido no próprio negócio. O Grameen tem tido sucesso em sociedades com a Danone e com a Basf.
Nesse novo panorama, a entrada dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) na agenda da economia mundial é também, sem dúvida, um marco dessas transformações. O fato de alguns desses países estarem emprestando dinheiro ao FMI, mesmo que os valores não sejam tão expressivos, é uma iniciativa emblemática.
São novos atores que entram em cena e esses países se transformam em lideranças, mesmo não tendo as maiores rendas per capita ou os maiores potenciais militares do planeta. São nações que estão desenvolvendo uma grande capacidade de reduzir a pobreza dentro de suas fronteiras, com condições também de sanear as finanças, promovendo a justiça social e a preservação ambiental.
Esse novo paradigma organizacional é uma tendência forte para os próximos anos e se encaixa como uma luva no desenho das soluções para a crise internacional atual. Sem dúvida que muitos aspectos dos velhos negócios serão restaurados, mas haverá espaços também para se gerarem novos paradigmas de desenvolvimento econômico e social, que certamente implicarão em importantes transformações no universo corporativo e na gestão das organizações.
Portanto, todo profissional que está no mercado – ou pretende se introduzir nele – deve ficar atento a essa tendência, pois ela representa, mais do que uma boa notícia, uma janela de oportunidades para as pessoas que desejam desenvolver uma carreira que tenha também um cunho social e humanitário. E não se esqueça: você pode fazer parte desse momento histórico!

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